Tema: Memória do Hip
Hop em Maceió
Pesquisadora:
Isabelle
Entrevistado: José
Carlos Ferreira de Góes (CB 16).
“O resgate!
O resgate que o hip hop, primeiro Deus em minha vida, mas o hip hop mudou a
minha pessoa”.
Meu
nome é José Carlos Ferreira de Góes, 24 anos, conhecido como CB 16. Minha trajetória no Movimento Hip Hop tem
mais de sete anos. Conheci a cultura do b.boy, me identifiquei, me entreguei ao
movimento. A cultura começou a fazer parte da minha vida pouco a pouco. Hoje
não faço hip hop, vivo o hip hop.
Estou
muito satisfeito com minha trajetória, não esquecendo as pessoas que me apoiaram.
Agradeço ao coroa, conhecido como Dj P, se não fosse por ele o hip hop não
estaria em Maceió. Poderia existir, mas não estaria expandido como hoje se
encontra. Tanto pra mim quanto por outros b.boy, o coroa nos ensinou a viver
como uma família, sempre nos ensinou dizendo: “Vá por aqui, faça assim”. Ele me
acompanhou durante seis anos e meio, sem ele não seria o b.boy que sou, não
teria a cultura hip hop em minha vida.
Quero
alertar a todos b.boy que break não é só dançar. O que é hip hop? O que é o grafitte?
O que é o b.boy? Não é só botar aquela música e achar que é o suficiente, você
tem que sentir a cultura, se não sentir não vai correr na sua veia. Se não sentir, então negão,
procure conhece a cultura porque se você fizer o hip hop de qualquer jeito não
vai aparecer.
Muito
atenção: hip hop sem drogas, sem vícios, para que as pessoas digam “esse cara
faz hip hop, mas não é a favor da violência”. Temos o hip hop exemplar que
Paulo plantou e está nascendo. Hoje a árvore do hip hop que se encontra em
nossa capital é ação do Dj JP, salve, salve!
Preconceito
Preconceito
a gente passa bastante, minha família, as pessoas. Falam “Isso é negócio de
maloqueiro”, mas nunca me abati com isso aí. Eu trabalho num lugar com pessoas
classe A, sabem da minha cultura do break, zombam, tiram onda. Na verdade o
preconceito vai sempre existir. Se você é do hip hop negão automaticamente as
pessoas vão falar mal, mas vai entrar num ouvido e sair pelo outro. O que vale
é o que está dentro de você.
Festa Black
Participei
de todas as festas Black. Meu primeiro contato com o Dj JP, com a roda de break,
com o hip hop, foi na Festa Black. Vi que era uma festa diferente, todo mundo
sorrindo, com touca, cada um no seu estilo, percebi que era ali queria está. Muitos
eram contra porque não pode ter álcool, mas esses daí são os que ainda estão
apegados aos vícios. A festa tem que ser sem álcool, sem vícios, sem drogas.
Rivalidade
O
b.boy vem evoluindo de um jeito que está ficando egoísta, coisa que não pode
acontecer. Você b.boy que está lendo essa matéria quando começou precisou de
ajuda, queria aprender. Vamos chamar a b.girl, mostra o passo a passo, pegar o
molequinho que quer aprender. Vamos fortalecer o movimento.
Se
sai um, dois, três b.boy para prestigiar um evento fora enquanto está
acontecendo um na cidade. Você não pode chegar lá fora é dizer “aqui tá na
melhor do que a minha casa”, não pode esculhambar o movimento, diminuir a
força. Eu acho uma hipocrisia desses caras que vêm pro hip hop, dançam break,
usam o grafite com rivalidade, esculhambando com o outro. Quer grafitar? Venha,
a gente ensina. Se o cara não tem um envolvimento com o break, não é do hip
hop, vai usar o spray pra pixar a casa do outro, sou contra isso.
Muita
coisa evoluiu graças aos b.boy das antigas que pregam fazer a união. Muitos
querem resolver na roda de break, os b.boy, as b.girl, vencer na dança.
Presença da mulher no Hip Hop
Está
muito longe, mas está chegando. Antigamente quase não tinha b.girl, mas agora
estão participando mais com os homens na roda de break, coisa que eles não
acreditavam. É tão justo que quando chega uma b.girl na batalha, vira o centro
das atenções. Dou uma salve as b.girl, estão dançando com homens bote pra
descer mesmo. Salve, salve!
Movimento em Alagoas
Em
Alagoas a gente vê que o movimento tem suas dificuldades, com sufoco, mas está
se desenvolvendo. É um trabalho meio escondido, incentivo a gente não tem. Acredito
que em breve esse movimento que já bagunçou bastante a mente das pessoas. Hoje
a gente vê o hip hop presente em muitos bairros, coisa que antes não víamos.
Acredito que em Alagoas em breve o break será uma febre. Estamos na luta pra
organizar o movimento, saudades do coroa (Dj Paulo foi morar em São Paulo) está
distante da gente, mas creio que vamos revê-lo em breve. O primeiro apoio que o
movimento precisa hoje é dos próprios integrantes.
Boogie Style Crew
Boogie Style é uma Crew que tem três anos,
lutamos para nos organizar, mas é muito difícil. Éramos um grupo de doze
pessoas, hoje somos cinco. A nossa crew é sólida, segue o estatuto da Posse
Atitude Periférica (PAP). O cara que representa a Boogie Style leva o nome da
PAP.
Eu
sou veterano no movimento, na minha crew sou o mais velho. Estamos em processo
de desenvolvimento, queremos mostrar nossa dança limpa. Queremos mostrar nossa
dança sem gestos obscenos. Primeiro fiz parte de uma crew no bairro Village Campestre,
mas pensei que primeiro tinha que fortalecer minha quebrada: Dubeax Leão.
Preciso cuidar da minha casa para depois ir para do outro. Vim que minha área
era vazia, comecei a somar com o bairro. Quero desenvolver o break na minha
quebrada, conseguimos um espaço fixo em uma escola, puxando aluno, está
crescendo. Digo a todos b.boy: negão se na sua quebrada não tem break, faça uma
força, junte um ou dois e comece. Tem muita gente querendo dançar break, falta
espaço. Honre a sua quebrada!!!!
Deixo um salve para o Mc,
Grafiteiro, Dj e o B.boy!
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